Ei! Marionetas / Teatro e Marionetas de Mandrágora

Ei! Marionetas / Teatro e Marionetas de Mandrágora

Ei! Marionetas - Encontro Internacional de Marionetas de Gondomar 2025


Colecionadores de Memórias I [ ESPETÁCULO COMUNITÁRIO ]


6 JUL 16h00 > 16h45 . DOMINGOJardins da Biblioteca Municipal de Gondomar “Camilo de Oliveira”
Colecionadores de Memórias IColecionadores de Memórias IColecionadores de Memórias IColecionadores de Memórias I

Colecionadores de Memórias I

Os colecionadores partem de um simples gesto, coletar um objeto, tal qual um grão de areia, que com o tempo e a paciência se transforma numa montanha de lembranças que contam estórias, que guardam momentos, que reescrevem o passado. Cada peça da sua coleção é um fragmento do que já fomos, o que vivenciamos e o que construímos.

Ao coletarem objetos, mantêm vivas memórias, dando vida a estórias antigas, resgatando-as do esquecimento e oferecendo-as às gerações futuras, contando a estória de um instante que alguém achou valioso o bastante para ser imortalizado.

Estes colecionadores de memórias guardam dentro de si fragmentos da existência.

o que o festival tem a dizer

Um projeto comunitário criado para o Ei! Marionetas 2025. Este projeto foi desenvolvido no seio de comunidades jovens, e com estruturas associativas que trabalham de perto com jovens em situação de vulnerabilidade social. O projeto orientado pela artista Clara Ribeiro é o resultado de sessões de trabalho em torno da criação plástica e do jogo teatral.

Projet'arte

A atividade da Projet'arte começou em 2000 com o desenvolvimento de vários projetos denominados “Orquestra de Percussão Tradicional” em escolas públicas, privadas e IPSS, fruto da ideia do prof. José Maria Rêgo.

É nos jovens e nas crianças que devemos apostar, promovendo o equilíbrio dos seus tempos livres, sejam atividades ao “ar livre”, desportivas, culturais, ou outras, como formas de convívio, em alternativa à “ditadura” das redes sociais eletrónicas. A música tradicional surge aqui como um dos melhores meios facilitadores deste tipo de atividades. Não é “música pela música”, é algo que nos diz muito, que nos liga aos nossos pais, avós e bisavós, é uma identidade que queremos preservar.

Em contexto escolar, a música traz importantes vantagens, ajuda a controlar o “stress” e a ansiedade, por exemplo, em situações de avaliação. Para se progredir na aprendizagem da música é necessário trabalho e estudo individuais, persistência e autoavaliação. A sua transferência para o contexto escolar facilitará o sucesso académico.

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foi assim

Podemos contar este momento como se de uma estória se tratasse. Foi sem dúvida um momento inesquecível, através de um trabalho desenvolvido ao longo do tempo pelo Teatro e Marionetas de Mandrágora desenvolveu-se, em parceria com a associação Projet'arte, um trabalho plástico e de interpretação com uma extraordinária equipa, um grupo de jovens em situação de vulnerabilidade e que hoje foram os atores marionetistas.

Situados em diferentes pontos dos Jardins da Biblioteca Municipal de Gondomar, habitantes em casas feitas de papel e cartão, ousaram partilhar intimamente as suas relações afetivas com os objetos e com a memória. Assim, começamos ouvir pelo jardim estórias narradas e a pouco e pouco cada história que terminava sucedia-lhe uma salva de palmas sincera, poética, pelo espaço numa sucessão. Numa repetição das estórias foi criado um ambiente de partilha, onde os espetadores iam viajando entre estes contadores de histórias.

Uma forma inesperada de apresentação onde podíamos sentir a intimidade da partilha feita de um para dois, com os restantes espetadores como uns vizinhos que à janela observam as estórias contadas na intimidade do espaço, onde se falava de sentimentos de pertença, de memória e de afetividade.

A estrutura da narrativa que fala sobre o colecionismo de objetos reflete a história de cada um. Colecionadores de sapatos, relógios, postais, ou bonecas, estabelecendo uma ligação profunda com o espetador. Este ato de colecionar para guardar lembranças, afetos, relacionando uma dimensão muito ampla e forte, projetando no objeto um caráter emocional valorizando até ao ponto do objeto perder o seu sentido enquanto objeto e tornar-se meramente o veículo para a narração de uma estória, a força de uma ideia ou o poder de um sentimento. Muitos dos espetadores no final do espetáculo falavam dos seus próprios colecionismos, um ato comum a todos e que muitas vezes advém de um subconsciente que fala mais através de emoção, do que da consciência do ato que está a ser realizado, tendo, noção que existe uma valorização plena do objeto, tão próximo do teatro formas animadas, ou das marionetas, nessa dimensão de valorização de um objeto de modo que o mesmo se transforma numa ideia em movimento teatral.

Sendo este um grupo de jovens em situação vulnerável, sabemos do seu esforço, do seu empenho e da sua dedicação, aliado ao processo da lembrança que estes projetos provocam em si e no seu grupo. Com acompanhantes profissionais da associação, dedicados, empenhados, motivados, orgulhosos do trabalho dos seus utentes, com familiares presentes, víamos a emoção por um projeto belissimamente desenvolvido. Criou-se uma atmosfera de bem-estar de partilha de poética, onde as marionetas, os objetos, os adereços, os figurinos e a música contagiaram o coletivo num momento que deve ser atentamente analisado.

A função da marioneta é também ela uma função de integração pela arte. Ao longo de mais de uma década, o Teatro e Marionetas de Mandrágora desenvolve um vasto trabalho com associações que integram pessoas com deficiências, bem como pessoas em situação de vulnerabilidade, pessoas institucionalizadas, vítimas de violência e tantas outras estruturas que usam a arte como um veículo de criar dinâmicas fundamentais para os seus utentes, para os seus alunos, para os indivíduos, que, de algum modo usufruem desta forma de estar não só como fruição cultural, mas também como uma metodologia de evolução, de aproximação à sociedade e de valorização pessoal que deve ser reconhecido como um trabalho de valor fundamental.



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